quinta-feira, 29 de outubro de 2009

De quem é a culpa?

A semana foi de polêmica, indignação e revolta ao governador do Paraná, Roberto Requião. A confusão começou por conta de uma "brincadeira" que o governador resolveu fazer ao chamar o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, visando anunciar os investimentos realizados para controlar o câncer de mama no estado. Requião relacionou a doença com a homossexualidade. "Deve ser consequências dessas passeatas gays”, afirmou.

Porém, o mastologista Cícero Urban, do Hospital Nossa Senhora das Graças, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, alega o contrário."O uso in­­discriminado de hormônio feminino para aumentar as mamas, praticado por alguns transexuais, pode aumentar as chances de desenvolver câncer de mama, mas só em homens que já têm predisposição genética à doença. Por isso não faz sentido relacionar a doença com o homossexualismo”, explica.

O especialista no entanto garante que o câncer de mama masculino é uma doença rara e corresponde a 1% de todos os casos de câncer de mama no país. Todavia, no Brasil, existem 1 a 2 casos a cada 100 mil habitantes. Na unidade do hospital, atende um caso da doença por ano. Durante este ano, ainda não teve nenhum caso. Todos os pacientes que Uban atendeu, no entanto, eram heterossexuais, não faziam uso de hormônios nem apresentavam outros fatores de risco.

Segundo o oncologista Sérgio Hatschbach, do Hospital Erasto Gaertner, o mesmo atende de 5 a 7 casos da doença por ano. De acordo com as estimativas do médico, existem no estado cerca de 35 novos casos em homens, número muito inferior aos 3,5 mil casos entre as mulheres.

Curiosidade:

O médico Cícero Uban, relata ainda que a cidade com a maior incidência de câncer de mama masculino – não só no Brasil, mas no mundo – é Re­­cife, que apresenta 3,4 casos por 100 mil habitantes. O especialista completa, que no caso dos homens o câncer de mama não pode ser visto como um problema de saúde plública, ao contrátrio do câncer de mama diagnósticado em mulheres.

E à margem de tantas explicações, constatamos que o problema não está relacionado a homossexualidade, como bem colocou Requião.